Danças. E as palavras do corpo movimentam-se na extensão doutro corpo suspenso pela música junto aos corações a crescerem-se indefinidos e lentos. A luz a retocar a força por fora dos olhos cúmplices. Os corpos a estremecerem-se um no outro adentro porque têm muito que falar subtilmente entre apaixonado toque e tremor puro dos dedos sem ver todos os passos às voltas das palavras à superfície funda terão sempre o que dizer. O compasso das mãos a fluírem dentro das pernas musicais. Tanto para dar tanto para receber infinitamente num acaso ordenado. Danças com a profundeza dos braços em espaço desenhado ante a desordem aérea e nos mútuos braços se imobiliza a perfeição do tempo a ecoar nos peitos entre a cantiga dos pés e os outros pés a florirem das danças exprimíveis como para respirar a alegria química da energia num vácuo oculto. Esvoaça toda a arquitectura pelo silêncio na cintura mesmo flexível e as energias soltam-se entrelaçadas com os rostos desprendidos contra si próprios. Então ninguém se fala mas os corpos poderosos sobre cada palavra actuam e as bocas inundam todos esses corações. Danças. Filipe Marinheiro