Meia-noite e meia. Rapidamente passam as horas desde as nove em que acendi o candeeiro, e aqui me sentei. Estava sentado sem ler, e sem falar. Falar com quem totalmente só nesta casa. O simulacro do meu corpo novo, desde as nove em que acendi o candeeiro, veio e encontrou-me e lembrou-me fechados quartos com aromas, e prazer passado - que prazer valente! E trouxe-me também diante dos olhos, ruas que se tornaram agora irreconhecíveis, sítios cheios de movimento que findaram, e teatros e cafés e era uma vez que o tempo tem. O simulacro do meu corpo novo veio e trouxe-me as tristezas também; lutos de família, afastamentos, sentimentos de gente minha, sentimentos tão pouco apreciados dos mortos. Meia-noite e meia. Como passam as horas. Meia-noite e meia. Como passam os anos. Konstandinos Kavafis