Livram-se de súbito árvores dormidas no barlavento de mágoas íngremes frente aos cotovelos que te desprendem ao sorriso desses rios passageiros. Mais à noitinha a sua curva de ervas doiradas desvairam-se longamente cheias de cheiros graves e furtivos. Ganham voo esquecido mesmo que emparelhados atrás do cesto de frutas a escorregar contra a espiga do peito férreo apodrecidas. Ervas roucas urgentes de um verde prata inimaginável. Cheias de ervas a sede. Sede gémea às luzes arrastadas pela pele curável da tua sombra, só tua até doer. Húmida essa ferida noite sem permanecer sobre nada e soltas uma sílaba de paixão falando-te puro aos ricos pastos dentro do raso silêncio. Vai doer-me ver-te porque sou assim virado para ti ó natureza comovente... E quando pouso toda a alma no que é teu e meu ouvimos essa brisa melancólica só nossa só nossa. Escuto a aflição da dor anoitecida. Alegre dor da noite navegada em redor do lume da foice perdemo-nos nas ondas feitas de vento a entrar e sair soletrado. Ingenuamente as colinas limpas sem orientação e preconceito invisíveis no amor de ti encostado contra as faces virado de costas. Deves tudo isso aos nossos lábios úteis. Corremos novos na roupa das estepes paradas por cima do estremecimento da palavra doutras searas então vigilantes. Fossem ignorantes nossas também. Nunca poderão partir os lamentos dessa pouca exaltação. Mas relembro-te para fechares extenso alguns cristais abandonados das tuas veias galácticas e a tremer como uma sonâmbula alvorada nua. Sais pela raiz da lua fora porque a sua amável cara de criança vem-te beber da terra flutuante num encontro interdito a essas belíssimas mãos tão fielmente compostas. Filipe Marinheiro