Uma Cerveja no Inferno
Realeza
Uma bela manhã, num povo de gente adorável, um homem e uma
mulher soberbos gritavam na praça pública: «Amigos, quero que ela seja
rainha!» « Quero ser rainha!» Ela ria e tremia. Ele falava de revelação, de
prova terminada. Desfaleciam nos braços um do outro.
E efectivamente foram reis, por toda uma manhã, quando os véus
carminados se ergueram sobre as casas, e por toda uma tarde, para os
lados dos jardins de palmeiras.
Jean-Arthur Rimbaud, trad. Mário Cesariny
Publicado em 13 de Agosto de 2015