Foram estas as ruas que se ergueram para nós, mal desenhadas, velozes sob o fardo dos nossos adereços: símbolos de pano, mortalhas, música ligeira com muitos violinos e um coro de mulheres. Mas o movimento rasa apenas a superfície das coisas, é a malha onde prendemos os olhos, uma espécie de venda. A floresta que conduzia à igreja está debaixo do cimento – não a ouves respirar? Tudo o que cresce sobre a terra tem a mesma vocação, as casas, o passado, o corpo em todo o caso: qualquer coisa o segura desde o princípio. E as praças que estiveram ao fundo da noite uma vez é para onde caminhamos a vida inteira. Rui Pires Cabral