o vinho é branco a tarde cai o dia avança no vento na boca acorda o último cigarro o poema segue o risco a claríssima insuficiência é este o incêndio da tarde o fim do almoço a violência dos pássaros as crianças dormem a sesta reclusas na sombra azul dos quartos mãos sem sentido arroz na folha de videira muro caiado de branco e roseiras gastronomias inexplicáveis contêm a vida e os pátios aquela noite grega que não soubemos redigir vespas bebendo da boca das torneiras escrevo o poema que não lerás nunca sobre a toalha de plástico da mesa suja de azeite a mão esquecida na vírgula acesa do cigarro a minha solidão vincada a cotovelos no padrão da toalha as crianças dormindo na nitidez esquecida da telefonia Miguel-Manso