As ancas, os ombros, as falésias flutuariam, na noite onde se despenham as ravinas, o corpo insidioso arrastando o mar, a boca, os joelhos sonâmbulos, os barcos que se cobrem de limos, grãos de areia, esquecimento. As harpas do horizonte ergueram-se já, como árvores frondosas. Nas colmeias de sangue, fervilha a rosa, a corola verde, o tumultuoso nome, o timbre infinito. As ancas, os ombros, as falésias flutuariam, na noite, no vazio errante de um coração silábico que se abre, suspenso, por dentro das estrelas, à deriva. No vazio leve das miragens, esconde-se, nas vindimas da noite, o corpo dormente da eternidade que rebenta, silenciosa, nos punhais ébrios de salsa, cinza, aspergindo, na névoa minuciosa, o ruir das telhas, entre ervas, dedos, acariciados lentamente. Maria do Sameiro Barroso