Violinos de água, cavalos, veados de música, florestas nocturnas de água e ciprestes. E a lua, sempre. Passa nos olhos, no cume da montanha, a sombra que torna as palavras lentas e os olhos turvos de espuma, no silêncio espasmódico de beber gota a gota o espaço que é assim, lacustre nos olhos do assombro. Porque falta o sol. E um girassol de palavras que o possa abrir, na noite, para cobrir a nudez, o vazio, um esqueleto de nuvens em busca do oiro, da vertigem, desperto na erupção da bruma, do sangue, a língua por dentro movendo o besouro negro (antigo), onde tudo é intolerável, entre paisagens aquáticas, dunas febris, côndilos esfacelados, fragmentos de música, magnólias, constelações, linhas repassadas, entre retalhos meniscais. Maria do Sameiro Barroso