As Palavras e a Diminuição de Todas as Coisas
Os segredos fugazes ainda cá estão
e regressou a claridade.
A palavra lembrar toca-me a mão,
Mas sacudo-a e fico a ver o acumular dos urubus que rodopiam
No céu obstruído.
Os pequenos nomes precipitam-se todos,
sobrecarregados com o que é invisível,
Mas ninguém os pronunciará, ninguém lhes alisará o cabelo desgrenhado.
Não há muito tempo, de qualquer modo.
Não há muito já de que falar
ao esvaziar-se o ano.
Não há muito a acrescentar.
Fatigados da viagem, cor-de-dezembro, aglomeram-se como anjos sem encanto
Onde quer que apareça uma coisa,
Flagrante e não dita, indizível
Charles Wright, trad. Vasco Gato
Publicado em 5 de Novembro de 2015