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Há atentados e outros projectos por essa Europa fora,
temos um presidente que nos preocupa
e as pessoas estão pouco prevenidas.
Há fome diária nas calçadas
(e quando assim é, é sempre inverno, falar disso é outro texto),
eleitores, abstencionistas, trapezistas, engenheiros, imigrantes,
muitos taxistas a conhecer Lisboa e a inventar tarifas,
gente a fazer pela vida, gente calada
e gente em silêncio.
Nas ruas vê-se pouca poesia, e revolução népias.
Mas há cada vez mais percursos urbanos e teatros à vela,
pessoas retidas…
e moscas.
A cidade continua a ter poucos afectos para quem está só,
e há quem consiga ter calma e quem se exaspere;
há pessoas bastante fora de moda e muitos ignorantes,
uns quantos espertos, e algumas traições.
Punhais, poucos.
Há pequenas confianças, novelas, trocas, desenganos.
E o país segue, visível e a meia-dose
(sobretudo na zona Sul e na região Centro).
Notoriamente, há menos cães na rua.
Em Xabregas o gato Sebastião continua imperturbável,
como se não fosse nada com ele.
Sonha-se, em Novembro.
E esta carta, como sabes,
é uma carta de amor.
Rui A.
Publicado em 23 de Novembro de 2015