Há atentados e outros projectos por essa Europa fora, temos um presidente que nos preocupa e as pessoas estão pouco prevenidas. Há fome diária nas calçadas (e quando assim é, é sempre inverno, falar disso é outro texto), eleitores, abstencionistas, trapezistas, engenheiros, imigrantes, muitos taxistas a conhecer Lisboa e a inventar tarifas, gente a fazer pela vida, gente calada e gente em silêncio. Nas ruas vê-se pouca poesia, e revolução népias. Mas há cada vez mais percursos urbanos e teatros à vela, pessoas retidas… e moscas. A cidade continua a ter poucos afectos para quem está só, e há quem consiga ter calma e quem se exaspere; há pessoas bastante fora de moda e muitos ignorantes, uns quantos espertos, e algumas traições. Punhais, poucos. Há pequenas confianças, novelas, trocas, desenganos. E o país segue, visível e a meia-dose (sobretudo na zona Sul e na região Centro). Notoriamente, há menos cães na rua. Em Xabregas o gato Sebastião continua imperturbável, como se não fosse nada com ele. Sonha-se, em Novembro. E esta carta, como sabes, é uma carta de amor. Rui A.