Quantas pessoas caminham na minha direcção? Quantas me descobrem por entre a multidão e pousam os seus olhos inteiros nos meus olhos? Podia acreditar que entre elas está o homem que trocaria comigo os dedos sobre a mesa, uma palavra que fosse gomo de laranja e poema, o corpo aceso sob o lençol cansado de mais um dia. Mas quantos destes rostos de pedra que me cercam escondem o seu pelas ruas desta tarde? Quantos nomes de acaso e de silêncio terei eu de escutar para descobrir o seu no meu ouvido? Quantas pessoas caminham contra mim? Maria do Rosário Pedreira