o tempo quieto numa livraria soa a um poema escrito por um piano velho nem lhe cai dedo cansado nem escreve som verbal sem ensurdecer teclas negras no voo circular das moscas as lombadas tombam em espinha estantes erectas esperam por mãos a poeira cria radículas não ouve o piano os insectos sempre é assim máscaras e estatuetas desesperam por áfricas é o corpo todo em baloiço sobre uma cauda verde e raso momento o tempo quieto numa livraria. Miguel de Carvalho