Traço vermelho sobre o branco da neve, presa ferida que coxeia Um potro branco nasceu de uma égua negra ao alvorecer O vento levará consigo flores de cerejeira até à alvura das nuvens Por cada onda alta três ondas baixas, por cada três ondas baixas uma onda alta Acompanhei a lua ao coração de uma nuvem escura, bebi vinho e adormeci Quando regressei à terra natal a casa paterna já não existia nem a voz de minha mãe O céu pertence-me, a terra pertence-me como sou rico! Um mendicante acordou sobre a margem de um regato um sedento acordou sobre um tesouro Abbas Kiarostami, trad. Mário Rui de Oliveira