Contra a dor de dentes
Imagina que te falava de uns olhos
da cor das laranjas;
Imagina que te contava das estradas
dos becos, das profundezas amarelas
de todas as primaveras
(daquelas que saberia contar entre as que houvesse)
Imagina que vinham lírios, Pessoas,
e gente espantada de olhar
o que não pode ser dito
Imagina que para além do delírio
havia uma maçã riscada, uma pêra rocha,
e uma fruta abecedária
(com pólen e abelhas, a esperar por ti).
Imagina que a trincavas
Imagina que era de sim o dia e de sim a noite
Imagina uns olhos a cores,
para lá do poema e do vinho.
imagina um menino fino, a subir-te a espinha
Imagina que chegas,
imagina que ficas.
Imagina que faz algum sentido
estar para lá de aqui
Cinco minutos, nem tanto, depois de acordar
Rui A.
Publicado em 23 de Janeiro de 2016