Do que não se espera jamais
Entre coisas mil,
escrever um romance não seria mau;
uma coisa que tivesse assim por exemplo
um enredo e tudo
- uma estória com meio e pouco exemplar.
Mas vejamos:
Mais que trabalho certo, ao qual nem por isso sou dado
(a coisa vai mais pelo sacrifício, o que a ver é um pouco estúpido),
tal exige uma espécie de circunferência que não me vai ao osso,
nem querendo.
E quanto ao talento, ou falta dele, melhor não ir por aí:
é tópico abstruso e conceito ingrato;
a modéstia é um luxo reservado aos menos idiotas
e a pessoas boas com bons argumentos
- já li coisa bem má, sem me sentir melhor ou pior por isso.
Mais vale pensar que é um conceito abstracto, a pensar nisso
- e cai sempre bem, no mínimo as vezes
(fosse isso interessante).
Quero que me enchas as manhãs,
e as faças inteiras,
das zero às vinte e quatro
- no tempo dos segundos primeiros.
Com muitas festas, muitas,
para lá de esferas, esperas
e arrelias.
Gostava que me desses apenas mais um milagre.
No tempo do pai, do filho,
e do espírito santo.
Rui A.
Publicado em 26 de Fevereiro de 2016