Desejei-te pinheiro à beira-mar para fixar o teu perfil exacto. Desejei-te encerrada num retrato para poder-te contemplar. Desejei que tu fosses sombra e folhas no limite sereno dessa praia. E desejei: «Que nada me distraia dos horizontes que tu olhas!» Mas frágil e humano grão de areia não me detive à tua sombra esguia. (Insatisfeito, um corpo rodopia na solidão que te rodeia.) David Mourão-Ferreira