Um fio de prumo, ou outra coisa qualquer
Olha, se no primeiro dia depois do pedaço
olhares o mapa,
se o olhares de frente (mão no queixo e dedo ao lábio),
se no gesto não contares dobrões
a concluir mil rotas de ser pobre e irremediável;
é possível que encontres algo entre nada
e outra coisa qualquer;
talvez faças umas quantas perguntas de interesse geral ou particular,
seja ou não esse um princípio maior de achar mundos
e destinos.
Ainda assim há todo um rol de escolhas e disposições
desde o não estar ao estar em qualquer parte;
e há talvez terras mais ou menos habitadas
para lá de hinos, bandeiras e pegadas.
A emprestar conselho de ancião à cena
(coisa que não devo ou encolho),
talvez melhor seja não atirar setas:
a tua pontaria é já legendária
e pode custar um olho à criada
- ou um infeliz ricochete no meio do peito.
Falamos de pequenos assassínios, bem vês,
mais mortais que o previsto em qualquer código penal.
De tão quotidianos, quase são respeitáveis.
E não há, sequer, um cinema jugoslavo
a tentar explicar
as várias partes e partidas
de um filete.
Rui A.
Publicado em 4 de Fevereiro de 2016