Lenço
De manhã
dobrado com as suas flores silvestres
lavado e engomado
ocupa pouco espaço na gaveta.
Sacudindo-o para o abrir
ela ata-o à volta da cabeça.
À noite arranca-o
e deixa-o cair,
ainda com o nó, ao chão.
Num lenço de algodão
por entre flores estampadas
um dia de trabalho
escreveu o seu sonho.
John Berger, trad. Vasco Gato
Publicado em 6 de Abril de 2016