Seus olhos
tinham a melancolia
profunda dos crepúsculos.
 
Por vezes se escondiam
detrás das venezianas
dos cílios impenetráveis.
 
Em seus olhos verdes
boiava a tristeza
dos naufrágios
 
e a saudade
das naus que se foram
e não mais voltaram.
 
Seus olhos
tinham o sortilégio
e o mistério dos eclipses.
 
Nos seus olhos
meus olhos orbitavam
prisioneiros da gravidade
 
desses quasares binários
em que imergiam
e se perdiam.

Elmar Carvalho