De súbito, a lua japonesa
desenha na janela
as três colinas de um hai-kai;
e vê-se então
que a sua luz, o círculo
cortado ao meio
no horizonte de cimento,
basta para tornar o ar oxidado
quase cor de rosa;
assim se aprende,
ao anoitecer, como o verão
escreve cidades mais legíveis;
embora breves; sobre
alicerces que flutuam
em torno do leitor nocturno,
e são talvez a imagem
do meio círculo que falta
à lua, no horizonte.
Carlos de Oliveira