Faz-se tarde. Vejo-vos, verdadeiramente
iguais a mim no vício da paixão,
com os sobretudos, os papéis, as luzes
das salivas, os cabelos já frágeis,
com as palavras e as piscadelas, exaltados

e deprimidos, estragados e meninos, roucos
de tanta conversa ininterrupta,
como descem este vale cinzento,
como a desmaiada erva comprimem
onde o caminho se perde já e a luz.

Ouço as vozes ao longe como os fios
da nortada entre as pedras e as cavidades...
Cada palavra que me chega é adeus.
E afrouxo o passo e sigo-vos no coração,
um aqui, outro ali, por essa descida.

Franco Fortini, trad. Vasco Gato