O poema, dizem,
vem com as aves.
O poema vem sempre perigoso, o poema vem sempre confiante.
O poema chega às vezes a ser quase sempre
um amável e simpático malandro.

O poema: meio assim, tão inteiro.
Como se fosse, como sendo
(finalmente),
um inacreditável
marinheiro.

Desatendido, e sem suspeitas, o poema
vem sempre perigoso, de encontro aos móveis.
Vem confiante, o poema,
sem medir riscos.
Vem perfeito, o poema;
Como se fosse uma nódoa linda na escada,
como se fosse um tigre da Malásia.

O poema não se lava, o poema não encolhe os dentes.
O poema não escolhe.
Para lá de qualquer preceito,
o poema é feito do que não há.

Mas viva a rádio-telefonia,
viva a radiotelefonia.
Ouvir um fado de O'Neill
é de animal atrevido.
E estrelas.

Uma inocência feita brava.

Para lá do poema,
O poema.

Sir Thomas Berard