Amo-te. Amo-te,
mas começo a virar-me para os meus versos
e o coração está a cerrar-se-me
como um punho.

Palavras! adoeçam
tal como eu adoeço, derretam-se,
revirem os olhos, uma poça,

que eu hei-de cravar os olhos
na minha beleza ferida
que, quando muito, não passa de um talento
para a poesia.

Não posso agradar, não posso encantar nem vencer
que poeta!
e a água límpida está repleta

de golpes cruéis na sua cabeça.
Abracei uma nuvem,
mas ao elevar-me
começou a chover.

Frank O'Hara, trad. Vasco Gato