Tenho uma manta algures, guardada
para usar em manhãs de seda.
Um dia levo-a para casa, antes que me seja tarde

e dela te farei uns brincos,
para que me ouças, no melhor da noite,
no melhor silêncio.

Tenho num canto um lugar estranho,
e não é a minha voz inteira.
Não é um apito,
é parte de um grito que não chega,
a querer partir.

Desse canto farei um dia um colar,
para que possas ir, em cada vez que queiras
voltar.

Tenho no peito uma fome, que se faz de ser antiga.
E esta sede de infinito é uma água que te deixo.
Para que a guardes sempre, e sem desgosto,
(como se fosse uma pérola),
na parte que escolhas.

Quando eu for ao mar.

Sir Thomas Berard