Tenho uma manta algures, guardada
para usar em manhãs de seda.
Um dia levo-a para casa, antes que me seja tarde
e dela te farei uns brincos,
para que me ouças, no melhor da noite,
no melhor silêncio.
Tenho num canto um lugar estranho,
e não é a minha voz inteira.
Não é um apito,
é parte de um grito que não chega,
a querer partir.
Desse canto farei um dia um colar,
para que possas ir, em cada vez que queiras
voltar.
Tenho no peito uma fome, que se faz de ser antiga.
E esta sede de infinito é uma água que te deixo.
Para que a guardes sempre, e sem desgosto,
(como se fosse uma pérola),
na parte que escolhas.
Quando eu for ao mar.
Sir Thomas Berard
Adorno
Publicado em 3 de Outubro de 2016