Nunca te venceu noite tão clara
se ao riso te abres e parece que inteira tocas
de astros uma escada
que já desceu em sonhos rodando
para me fazer recuar no tempo.
Era Deus então um temor de quarto fechado
onde um morto jaz,
centro de todas as coisas,
da claridade e do vento do mar e da nuvem.
E aquele lançar-me para o chão,
aquele gritar alto o nome do silêncio,
era a doçura de me sentir vivo.

Salvatore Quasimodo, trad. Vasco Gato