Penso no teu coração, como água
perdida num deserto
que em vão espera quem mate aí a sede.
Penso nele como uma árvore florida
em plena noite, que ninguém vê,
senão de vidros em fuga um viajante
que o tédio ou negócios levam para longe.

Como ave atemorizada
pelos lacunários de outrora
dos quais não encontra a saída e apenas cria
com o seu estridor uma solidão mais vasta.

Alessandro Parronchi, trad. Vasco Gato