Ninguém pode dormir o sono alheio
e o encontro aqui-e-agora é demasiado fugaz
embora haja tempo e silêncio de sobra e céus estelíferos lá no alto,
as janelas escureceram já e nenhum vento altera o portão
Antes de adormecer há tempo para pensar
que as casas e os pensamentos têm morte mais fácil do que a dos seres humanos
É provável que ao acordarmos de manhã já não o compreendamos --
olhando em volta para aquilo que recordamos em contraluz e vendo
algo que nunca vimos e jamais voltaremos a ver
Jaan Kaplinski, versão de Vasco Gato
Ninguém
Publicado em 12 de Dezembro de 2016