Como a marca dos nossos corpos
Nenhum sinal restará da nossa presença neste lugar.
O mundo fecha-se atrás de nós,
A areia alisa-se.
Já se deixam ver as datas
Em que não existirás,
Um vento sopra já nuvens
Que não choverão sobre nós os dois.
E o teu nome consta já das listas de passageiros de navios,
E dos registos de hotéis,
Cujos nomes só por si
Amortecem o coração.
As três línguas que sei,
Todas as cores com que vejo e sonho:
Nada me valerá.
Yehuda Amichai, versão de Vasco Gato
Nada me valerá
Publicado em 15 de Janeiro de 2017