Para cada homem enfurecido há sempre
dois ou três que o acalmam com uma palmadinha nas costas,
para cada homem que chora, muitos mais que enxugam as lágrimas,
para cada homem feliz, chusmas de homens tristes
com vontade de se reconfortarem com a sua felicidade.

E todas as noites um homem pelo menos
não dá com o caminho para casa
ou a sua casa mudou de lugar
e ele vai correndo as ruas,
supérfluo.

Certa vez, estava com o meu miúdo à espera no terminal
quando passou um autocarro vazio. E o meu filho disse:
«Olha, um autocarro cheio de pessoas vazias.»

Yehuda Amichai, versão de Vasco Gato