Que não digam: não vimos.
Nós vimos.

Que não digam: não ouvimos.
Nós ouvimos.

Que não digam: não provaram.
Nós comemos, trememos.

Que não digam: não foi dito, nem escrito.
Nós dissemos,
testemunhámos com vozes e mãos.

Que não digam: nada fizeram.
Não fizemos--o suficiente.

Que digam, dado que algo têm de dizer:

Uma beleza a querosene.
Que ardia.

Que digam que nos aquecíamos junto dela,
que líamos sob a sua luz, que louvávamos,
e ela ardia.

Jane Hirshfield, trad. Vasco Gato