É tarde, vou para casa, todas as coisas me olham
mas nada que seja humano; a casca das árvores brilha,
está quase a chover. Os meus amigos estão todos em
cidades,
em Liverpool, em Londres, falando ao telefone,
talvez a amar, talvez
sem saber o que fazer esta noite.
A chuva que ainda não chegou até mim
pode cair agora nos seus telhados,
enevoar as janelas dos autocarros atrás de que vão a
sonhar.

Aqui eu penso como as vidas invisivelmente se unem
tocadas por um tempo comum,
como no espaço que o tempo faz entre
olá e solidão
a memória se gera; se embebe.
Tarde a caminho de casa
o que eu sei de cada um separado dissolve-se,
forma tais sentimentos que eu não sei exprimir
melhor que o vento sobre mim saberia.

Brian Patten, trad. Joaquim Manuel Magalhães