Agora há luz, agora há o amarelo
tranquilo quando a noite foi já dormir.

Uma cabra desce a medo a Rua 14
entre as sarças da cadenza das coisas monótonas

que a lua convocara através das
suas sarjetas aguitarradas -- Senta-te, rapaz!

Senta-te, Waldo, já disse! -- pousando
a cabeça encaracolada no passeio, o marinheiro

descobre que o seu navio o vai arrastando devagar
para o porto, onde a escuma de óleo

lhe mareja os olhos enxutos com um
reflexo indiferente, desprovido de sol, inofensivo.

Capitão, ainda não é dia, mas já
estás de partida. E, ao nascer o sol,

o amarelo dissolve-se num branco ofuscante
que não é senão o reflexo da noite.

Frank O'Hara, trad. Vasco Gato