Ainda ontem nasci mas o tempo é tão veloz
que já estou no fim da minha vida.
Olho em redor e apenas vejo o mal
triunfando por todo o lado.
Sou infeliz, exposto à injustiça:
Apelo ao meu deus mas ele não me atende;
invoco a minha deusa mas ela ignora-me;
consulto o adivinho, e ele não me esclarece;
o mágico não consegue afastar de mim
a cólera divina.

E no entanto rezo todos os dias
e não esqueço nenhum sacrifício.
O meu coração alegra-se nos dias de festa
e no dia em que a deusa sai do templo
aos ombros dos sacerdotes, exulto.

poema assírio, versão Casimiro de Brito