Senhor: é tempo. O verão foi muito longo.
Lança a tua sombra sobre os relógios de sol
e solta os ventos sobre as campinas.
Manda que os últimos frutos se arredondem;
dai-lhes mais dois dias meridionais,
leva-os à perfeição e faze entrar
a minha doçura no vinho pesado.

Quem agora não tem casa, já não vai construí-la.
Quem agora está só, longo tempo o será,
Fará vigílias e lerá, escreverá longas cartas
e vagueará, de cá para lá. nas alamedas,
agitado, quandoo o vento arrasta as folhas.

Rainer Maria Rilke, trad. Paulo Quintela