Porque da sede somos o cantil repleto
temos deveres e direitos em obrigações
diversas dos outros que são a seca
no copo vazio onde não aplacam iras
nem votos declarados como prática
da ética: infiéis procuram nas luas
sinais externos de que a vingança
se fará breve e ilusória na hora
em que apenas o sonho for visto
sobre dunas em águas salgadas

meu barco não será seu barco
nem nosso o impulso dos remos
que nos levará as terras opacas
entre espelhos foscos
e o cantil estará pela metade

instante em que nos vemos
sem entendermos as razões
além das órbitas e rotações

por ciúme derramamos o líquido
sobre as faces que na sede
temos o cantil vazio: em areias
encalhamos o barco ao fazermos
as mãos destrançadas em ritmos
e gestos de até logo.

Pedro Du Bois