O precipício não tem futuro ou desalento
Mas um carreiro que atravessa as giestas e o trevo
Um carreiro que chega ao seu destino
Como a lenha podada ao fogo
A madrugada aos olhos do mocho.
O desamparo não tem as mãos juntas
Mas o peito dividido
A abelha no coração do polen
Fazendo circular o zumbido.
O coração tem uma roldana a girar
No eixo do desvio
Os olhos de criança diante do que passa.
E a canção é mão que se afadiga
A sarar do degrau e do perigo.

Daniel Faria