O rosto que olha para trás,
o lado de fora do visível,
existe este rosto ou é apenas,
diante da infância, o olhar que se contempla?
Em ti, ó noite,
reclino a cabeça.
O que eu fui sonha,
e eu sou o sonho:
alguma coisa que pertence
a um desconhecido que morreu
que outro desconhecido (é este o meu rosto?)
fora da infância infinitamente pense.
Manuel António Pina
Os Olhos
Publicado em 16 de Dezembro de 2018