Há qualquer coisa reposicionando estrelas lentamente.
Qualquer coisa com cuidado, entre uma ideia e outra,
de mãos mergulhadas num prepósito de criar.

Porque nesse enígma que é pensar o mundo,
e pensá-lo diverso, se reclama e expõe
a presença do espírito.
E o poder do espírito é esse recuado
extremo poder de operar a noite.

O trabalho não cessa.
Como se uma mão se seguisse a outra
nessa dinâmica entre os elementos mais essenciais .
As árvores observam o movimento
das constelações no segredo da raiz.
Há qualquer coisa mexendo por dentro a respiração.

Uma palavra natural.
Uma palavra para instaurar a lei sem leis
e encher a duração de ardentes matérias humanas.
Uma pausa, um silêncio vertical,
um presságio de cometas.

Vasco Gato