E o tempo, o próprio tempo sequioso, boquiaberto,
ladeia muros, amplia-se em deserto
vivo solilóquio que me acomoda os passos,
em derredor penumbra, afinidade.

Branco como a cal que o comemora
sinto nele a verdade, o pasmo do encontro
e bebo água ungida por cadáveres,
alheado da vida que suporto.

E vou deslumbrado pelo mundo,
recolhendo ossos, desfazendo pegadas,
refazendo o ser que me enamora,
tecendo a minha própria eternidade.

Ruy Cinatti