Faz tempo que não te escrevo, amigo meu, verdade seja dita que me tenho roubado de palavras e peito. Encostei a saudade e a falta que me fazes nalgum canto do meu vestuário. Ou talvez me tenha esquecido de ti, um poucochinho, e agora me fique bem dizer assim, a limpar e a abrir caminho. Estamos longe dos tempos de liceu (concordas, verdad?), na altura éramos mais estúpidos mas também mais potentes; e as zangas absolutas resolviam-se mais depressa, ou nunca se resolviam, o que dava no mesmo (o impasse foi um conceito posterior). Para lá de todas estas mazelas, espero que estejas bem, e que não leves a mal não me lembrar do teu nome, e nem sequer da tua alcunha, ó valha-me Deus.
Posto isso, achei mesmo que era importante falar-te agora; e tentarei ser o mais objectivo possível, de início, pois de facto não falamos há algum tempo. Dizem que esse é requisito de poder dizer «parece que o tempo não passa e seguimos nós». Ou seja, «lembro-me de ti, por onde andaste?». Sejamos, pois, objectivos - é o mínimo que merece agora o que (indelevelmente) nos une.
Rui A.