felizmente não te posso ver
se o teu rosto caísse sobre o mundo
teria a futilidade das flores
seria o campo de camélias e o dilúvio
é melhor imaginar-te assim terrível
espantando as aves nos Aliados
assustando os bêbados que descem o Carvalhido
com a serpente revolvendo no intestino
é sempre melhor imaginar que és tu que os aterras
que eles cambaleiam pelas ruas
porque juram que te entreviram
entre os urinóis do café
é sempre melhor não te ver
porque só a tua voz
transparente como os tigres de Borges
nos pode dilacerar de tanta beleza
Bruno M. Silva
as flores de hopper
Publicado em 18 de Novembro de 2019