Talvez estivéssemos neste lugar, felizes
anos de fartura, pouco tivemos em recompensas,
delas não precisávamos naquela hora de estimas
e abraços no carinhoso sonho de estarmos juntos

o bastante e o tanto satisfeitos, flores perfeitas
não cultivadas, os jardins dispostos ao acaso
da polinização e do brotar das flores; talvez
os começos sejam difíceis de serem superados
em progressivas jornadas de esquecimentos;

a rigidez científica cerceia os passos humanos
em descobertas etéreas dos nossos fantasmas:
crer no inolvidável, dar-lhe nome e forma, tê-lo
consciente do tom com que calamos os dramas;

nossas vozes diagramadas em escalas não sensoriais;
talvez abrir os olhos tenha sido o instante supremo
onde confundimos as imagens e vivemos dos reflexos,
pálidos rostos refletidos nas águas.

Pedro Du Bois