O mar é longe, mas somos nós o vento; e a lembrança que tira, até ser ele, é doutro e mesmo, é ar da tua boca onde o silêncio pasce e a noite aceita. Donde estás, que névoa me perturba mais que não ver os olhos da manhã com que tu mesma a vês e te convém? Cabelos, dedos, sal e a longa pele, onde se escondem a tua vida os dá; e é com mãos solenes, fugitivas, que te recolho viva e me concedo a hora em que as ondas se confundem e nada é necessário ao pé do mar. Pedro Tamen