Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram
Corolas que se desdobram
Corpos que em sangue soçobram
Vidas que a amar se consagram

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria

Todo o tempo é de poesia
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia

António Gedeão