Boa noite, fiel amigo
oxalá estejas bem,
alguma agitação em casa.

Faltando as palavras,
pareceu-me bem desdobrar em linhas várias
(para ocupar mais espaço),
a carta que te escrevo.

Parece de meio-velho, este relato postal
(seguramente estranho, reconheço,
em quem caminha ainda para cinquenta e seis)
mas não para ti.
Bem sabes como comigo tudo surgiu
depois do tempo comum:
do primeiro cigarro ao beijo na boca,
já nos catorze.

Mas era um dia vestido de azul claro, aquele:
quando descobri como,
para lá de palácios viáveis
e poder aquisitivo,
contacto com os célebres,
primeiras edições...
... valia outra espécie de coisas.

Acho que nunca te disse
daquele campeonato do mundo de carica que organizei
e fiz sozinho,
algures na Beira Baixa.
No mais belo local do mundo
(Nave Pequena, um pouco acima de Sobreira Formosa
- outro Oceano).

Com a selvagem tia Emília por perto,
nunca te falei dela
(e fica para outra).
Delícia.

Tirei apontamentos, e tinha na altura caracóis,
e era louro,
e conquistei todos os lugares do pódio.

Hoje bebo vinho.

Rui A.