Do que me é dado: do contrato a cláusula
do distrato a causa das razões a lei da dor
a sensação de fazer além do exigido do saber
reler as instruções do amor retornar no pranto
o lenço seco da paixão: do viver aqui estar
enfrento o dia de amanhã e permaneço
presente em minhas situações
rasgo a incerteza do passado
e me apresento na repulsa
com que os olhos enxergam
os poucos conhecidos.
Almoço na hora certa e na descoberta
me faço desconhecido: não acrescento
ao contato o sentido da pele ressecada
do nascimento a morte
do instante a distância
no outono a retirada
Do que sou retirado sobra
a marca tatuada da verdade.
Pedro Du Bois
Inventário
Publicado em 6 de Setembro de 2020