Acordei hoje com um sobressalto pouco comum,
merecedor da tentativa de o falar:

O meu cão vai deixar de ser o meu cão, amanhã ou depois. Melhor dizendo, vai deixar de estar comigo. Soube-o três ou quatro dias atrás, nem sei bem, e desde então muita coisa se baralhou. Não há limites para a vida precária nem para a precariedade em aspectos da vida, mesmo na mais solidária vida ou  sociedade que possa existir: dois seres são pelo menos três ou quatro vontades e mil e um desgostos.

E é claro que há causas mais merecedoras de atenção
e muita muita luta:
Há toda a humanidade, por assim dizer:
Ui, montes e montes de questões a debater.

Mas hoje perdi o meu cão, o meu dono, o meu amigo.
Vai para Barcelona, vai estar bem.

Dizei-me, ó gregos,
por onde ir.

Talvez vos ouça.

Rui A.