(...) Agarra-te às costelas do velho rochedo,
Senão neste abismo te irás despenhar!
É noite, a névoa está a cerrar,
Escuta as florestas a estalar!
Fogem as corujas assustadas,
Ouves rachar as colunatas
Dos eternos palácios verdejantes?
Gemem e quebram ramos pendentes!
Ribombam troncos às vezes,
Rangem e bocejam raízes!
Em pavorosa queda vão
Desabando em estrondo e confusão,
E pelas gargantas atravancadas
Uivam os ventos em rajadas.
Ouves as vozes lá no alto?
Vindas de longe? Aqui bem perto?
Por todo o monte corre entretanto
Um furioso e mágico canto!

Goethe, trad. João Barrento