Trabalho cada ideia como o todo. Refaço perguntas
machucadas e nego respostas conduzidas. Externo
a frieza do conhecimento. Recolho no solo a pisada
e a transubstancio no barro primitivo: tenho o molde
a distância e o sentido. Impeço a fragmentação
do pensamento: sou do ocaso o guardião da cena
repetida em olhos encerrados: o ocaso do dia
contabilizado. Resisto. Dou força ao vento
derrubado em lembranças inúteis e ao som
que vem da rua - pessoas passam -
devoro as palavras ditas: falo em democracia
no alterar o sujeito da sentença e alterno inocentes
e culpados: recupero a malemolência extremada
dos profetas e discurso de porta em porta uma
ideia de cada vez: apenas uma porta aberta.
Pedro Du Bois
Trabalhar
Publicado em 4 de Dezembro de 2020