Mais do que uma casa era um refúgio
forrado de livros, gravuras e mesmo
alguns retratos. O fragor do mar
não colidia com o canto da lareira

e a impaciência de Xavier, o siamês.
Rimbaud andou por lá, voando nas dunas,
os pescadores extasiados
do seu perfil motorizado. Havia quem

roubasse amoras para o serão
e os que em sigilosas noites
chegavam a coberto das escarpas
do Porto Batel. A casa

continua lá, habitada pela memória desolada
de quem partiu. O quintal abriga
peregrinos, o vento, vegetação rasteira
e o jogo ardiloso de dois amantes.

Eduardo Pitta